O canto de amor à mulher...

Mulheres, também

Luiz Gama

Luiz Gama, no século XIX, instaura o canto de amor à mulher negra, cujo mais conhecido exemplo é " Meus Amores", publicado pela primeira vez no jornal Diabo Coxo de 3 de setembro de 1865, o autor assinando com o pseudônimo de Getulino:

"Meus Amores"
Meus amores são lindos, cor da noite
recamada de estrelas rutilantes;
tão formosa crioula, ou Tétis negra,
tem por olhos dois astros cintilantes.


Solano Trindade

Em várias encruzilhadas da poética solaniana postam-se, abundantes, cantares à mulher negra, como nestes versos:

"Deixa"

Deixa ó negra
admirar teu corpo
como seu eu fosse Picasso
e modelar-te em pedra
Deixa ó negra
que eu te cante um salmo
com a ousadia de um Salomão [...]

Auta de Souza

De Tristão de Athayde, sobre Auta de Souza:

"Fez versos por amor da Poesia, por um amor tocante, puríssimo da Poesia e não para aparecer ou comunicar uma mensagem. Fez verso para si e para aqueles que mais de perto a cercavam.(...) Auta de Souza viveu em estado de graça e os seus versos o revelam de modo evidente. Daí o grande lugar que ocupa em nossa poesia cristã, em cuja cordilheira sempre há de ser um dos pontos altos mais puros e solitários." (In de Camargo, Oswaldo -
O negro escrito - Apontamentos sobre a presença do negro na Literatura Brasileira, 1987, pág. 66)


"As Mãos de Clarisse"
Causam-me tantos martírios
As tuas mãos adoradas
Com estes dedos de fadas.
Tão formosos e pequenos...
que eu chamaria dois lírios
Se houvesse lírios morenos!


( In "Horto", pág. 75, edição da Fundação José Augusto, Natal (RN), 1970.)



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